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Archive for Março, 2016

cursoamerica

Destinatários: Estudantes, professores e outros profissionais que pretendam ampliar o leque de conhecimentos e da sua cultura visual sobre as sociedades que se desenvolveram na América do Sul no período pré-colombiano.

Candidaturas: de 22 de fevereiro a 22 de março de 2016

Duração: 9 de abril a 25 de junho de 2016. O curso será realizado aos sábados, entre as 10h00 e as 13h00, num total de 36 horas distribuídas ao longo de 12 aulas.

Local: Museu Nacional de Etnologia (Lisboa)

Preço: € 240,00

Avaliação: Tratando-se de um curso livre, que não proporciona qualquer crédito escolar, a sua frequência será atestada através de certificado de participação emitido pelo coordenador/formador. Informações | Inscrições: e-mail.

Objectivos e Metodologia: Tendo como objetivo geral conhecer a história e culturas visuais das sociedades indígenas da América do Sul no período précolombiano, após contextualização prévia sobre as grandes áreas culturais da América do Norte e Central, o Curso incidirá principalmente sobre as seguintes áreas culturais da América do Sul: os Andes, Setentrionais e Centrais, as Terras Baixas Tropicais e a Planície Platina, em que se incluem a região do Grande Chaco, as Pampas e os Andes Meridionais. A par do estudo das estruturas sociais, serão abordadas as concepções que fundamentam as diversas expressões estéticas da arte ameríndia que, independentemente da maior ou menor complexidade do tipo de sociedade que as originou, evidencia uma relação íntima com o respectivo contexto ecológico. Acompanhando permanentemente a exposição e enquadramento teóricos, será apresentada uma selecção de imagens ilustrativas da ampla diversidade das expressões estéticas que caracterizaram as culturas sul americanas ao longo dos 25.000 anos da sua história previamente ao seu contato com as sociedades europeias.

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Paracas 1

Localização da zona cultural de Paracas. Fonte: Go2Peru.

Situada na costa Sul, a 18 km de Pisco, sobre uma península arenosa, árida e totalmente desértica, encontraram-se tumbas de uma cultura conhecida como Paracas. Esta palavra pode ser traduzida como “gente de frente grande” ou também por “chuva de areia”. Ambas acepções parecem ser aceitáveis já que os crânios apresentam uma forma aplanada praticada por deformação artificial e os ventos da região cobrem e descobrem com areia as referidas tumbas.

Da origem deste povo, da sua estrutura social e do seu culto, quase nada se sabe. Aparentemente construíram grandes estruturas cerimoniais até ao final do seu período. Em Ica e Cinicha levantaram templos de adobe sobre montículos. Dedicaram grande atenção às práticas mortuárias, observáveis pelos motivos iconográficos que ornamentam cerâmicas e têxteis. Paracas aparece como uma cultura local com influência de Chavín de Huantar.

ca. 1957-1965 --- A lithograph depicting trepanation performed by a first century Peruvian physician, from a portfolio by Robert Thom illustrating the history of medicine. --- Image by © Blue Lantern Studio/Corbis

Ilustração de uma cirurgia de trepanação realizada em Paracas. Imagem de portfolio da autoria de Robert Thom ilustrando a história da medicina. © Blue Lantern Studio/Corbis

No que diz respeito à sua periodização foi classificada em duas fases principais: Paracas Cavernas e Paracas Necrópole, considerando válida a hipótese de J. C. Tello que consigna a Cavernas maior antiguidade e a Necrópoles como a mais recente. Na fase Cavernas, cujo antecedente seria Ocucaje, os enterros foram múltiplos. Os mesmos constam de câmaras sepulcrais redondas, situadas a 3 m de profundidade com 2 m de altura e 4 m de diâmetro. A estas acede-se por um tubo cavado na areia, revestido com pedras de 1,5 m de diâmetro. As câmaras ou Cavernas alojaram, de maneira empilhada, até várias dezenas de fardos funerários. Estes contêm os corpos de defuntos de ambos os sexos e idades em posição fetal, mumificados naturalmente. Alguns dos corpos estão vestidos com turbantes de algodão; outros apenas estão cobertos por um lençol. Um elemento característico das múmias é a grande quantidade de trepanações cranianas com alto índice de sobre vida. O seu enxoval funerário consta de uma quantidade relevante de cerâmica ornamentada e têxteis.

Paracas 3

Tumba de tipo Necrópole apresentando uma planificação arquitectónica e boa construção lítica. Edições Corregidor. Buenos Aires, 2005.

Desta fase existe um santuário de adobe de forma piramidal de 18 por 20 m que ostenta dois grandes murais com imagens de seres mitológicos com características felinas.

A fase Necrópole recebe esta denominação devido a que as primeiras descobertas foram imensos cemitérios, colocados sobre lixeiras e antigos povoados abandonados. Alguns têm tais dimensões que se assemelham a verdadeiras cidades de defuntos; as suas construções constam de uma fileira de quartos ao longo da praia ou por detrás de corredores e pátios. Por último, paralelos aos anteriores, grandes câmaras funerárias, em cujo interior se encontraram fardos funerários. Diferenciando-se da fase anterior os enterros foram individuais, todos adultos do sexo masculino. Tendo em conta a riqueza do enxoval que acompanhava os defuntos, pressupõe-se que o sítio era destinado à classe dirigente. Vários dos fardos continham mais de 150 oferendas de diversa índole das quais, grande quantidade, eram peças de algodão bordadas com lã. Debaixo dos mantos de protecção de cada fardo, aparece o corpo em posição fetal e a cesta onde foram depositados. As múmias mostram turbantes, ceptros como símbolos de cargo social e geralmente estão envoltas com um manto sobre outro em quantidades que variam de dois a onze.

Paracas 4

Dois exemplos de mantas cobrindo fardos mortuários. Thames & Hudson. Londres, 1995.

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Têxtil de estilo Paracas com motivos muito similares aos da cerâmica Nazca. Discovering Art. Inglaterra, 1965.

O motivo religioso principal desta fase é a imagem de uma criatura conhecida como “O Deus Ocultado”, figura frontal de grandes olhos e apêndices ondulantes que terminam em cabeças troféu.

Assim como Cavernas teve influência de Chavín de Huantar, tendo desenhado com essa influência a sua própria forma característica, observa-se na fase seguinte até ao final do período uma transformação para formas que se podem identificar com a cultura Nazca.

 

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